Andrea e Juan desfrutavam de uma maravilhosa lua de mel, nas
paradisíacas praias da Austrália. Estavam em um complexo turístico
exclusivo, com praias de areia branca, águas cristalinas e a poucos
metros de uma floresta. Era um dos poucos luxos que haviam se permitido
após o casamento, pois nesses tempos de crise, tinham que se cuidar para
não exagerar nos gastos. Os pais dela tinham insistido e assumido mais
da metade do preço da viagem, o que motivou o casal a se aventurar e
realizar o sonho de viajar para a Austrália e desfrutar daquelas que
seriam as melhores férias de suas vidas.
Os dias passavam rápido, como sempre acontece quando alguém se diverte, e
não poderiam ter imaginado um lugar melhor. A “pulseirinha” que haviam
contratado com o pacote do alojamento, lhes dava direito a comer, beber e
entrar em várias festas totalmente grátis. Era um sonho realizado, que
dentro de pouco tempo acabaria, para eles despertarem e voltarem à suas
monótonas rotinas de trabalho.
Quando faltavam apenas dois dias para a viagem de volta, conheceram um
guia local, que prometeu leva-los a uma cascata que poucos turistas
chegaram a conhecer. A viagem não era muito comprida, mas teriam que
entrar na floresta a pé, uma caminhada de uns vinte minutos cruzando a
frondosa selva. Na manhã seguinte, saíram com o guia, que, com um
machete na mão, abria caminho pela mata. A vegetação exótica deixou os
recém-casados maravilhados.
Entretanto, nem tudo era lindo. Os mosquitos eram muito insistentes, e
até com o corpo banhado em repelente, sempre havia algum suficientemente
voraz para atrever-se a picar. O guia lhes ofereceu uma pomada feita de
plantas nativas, que foi muito mais efetiva que o repelente de
farmácia. Nenhum inseto os incomodou depois que a usaram.
Ao chegar na cascata, Andrea e Juan ficaram abismados com a beleza do
lugar, uma pequena lagoa com a água mais limpa que já haviam visto, era
adornada por uma queda d’água de uns quatro metros de altura. O canto
dos pássaros, a selva em volta deles e o céu azul mais intenso que
poderiam ter visto... Era o mais perto do paraíso que já haviam chegado.
O guia lhes disse que voltaria em algumas horas, lhes aconselhou que não
se distanciassem do lugar, pois a selva poderia ser muito perigosa e
era muito fácil se perder. Não queria incomodá-los em seu último dia de
lua-de-mel e, a verdade é que eles também preferiam ficar sozinhos.
Largaram suas toalhas e bolsas e começaram a brincar na água, nadavam e
se beijavam, sabendo que, provavelmente, seria a última vez que estariam
em um lugar como esse.
Meia hora depois, cansados da água, decidiram comer e descansar sobre as
toalhas. Quase sem se dar conta, Andrea adormeceu, mas logo despertou
do sono com uma forte fincada em seu pescoço. Assustada, deu um tapa na
região e jogou para longe um animal escuro que rapidamente se escondeu
na vegetação, sem que ela tivesse tempo de ver o que era.
Juan examinou a esposa e viu uma pequena marca vermelha na zona da
picada. Passou novamente a pomada que o guia havia lhes dado. Havia sido
um descuido não terem se protegido dos insetos após o banho.
Depois de um tempo, já haviam esquecido o assunto, pois a picada não
incomodou por muito tempo, e logo chegou o guia para leva-los de volta.
Lhes mostrou alguns lugares bonitos que haviam por perto e lhes
acompanhou ao hotel, onde entristecidos, começaram a arrumar as malas.
No dia seguinte, com muita tristeza, embarcaram para casa. Uma viagem de
avião comprida e cansativa. No aeroporto, as famílias de ambos lhes
esperavam para um jantar na casa dos recém-casados, onde foi contado
tudo sobre a viagem e mostradas fotos.
Andrea sentia um leve formigamento no lugar da picada, mas foi uma
semana depois que começou a complicar. O local inchou e virou um
hematoma escuro. O formigamento se converteu em dor, e quase não podia
tocar aquela zona, pois começava a latejar.
Juan levou sua mulher ao médico, que lhes disse que Andrea estava com
uma forte infecção. Avisou à enfermeira para que trouxesse seu material
cirúrgico e lhes explicou que seria preciso uma pequena incisão, para
deixar que o pus saísse e começar a tratar a zona. Também teria que
tomar antibióticos por, pelo menos, sete dias.
Andrea era muito medrosa, e a ideia de que iriam cortar seu pescoço com
um bisturi lhe dava pavor. Contudo, foi uma frase do médico que a deixou
paralisada: “Se não ficar imóvel, corre o risco de que eu corte sua
jugular.” Paralisada de medo, sentiu quando o médico começou a cortar a
zona.
Mas um imprevisto aconteceu.
O médico saltou para trás ao terminar o corte, aterrorizado.
Andrea sentia o sangue deslizar pelo seu pescoço, mas havia algo mais,
podia sentir que algo parecia subir até a boca. Como é possível que o
sangue subisse e se estendesse por todo seu pescoço até sua nuca? Por
que o médico não se aproximava?
Segundos depois, a enfermeira entrou novamente na sala. Havia saído a
pedido do médico, para trazer mais gases. Ao olhar para Andrea, começou a
gritar desesperada e saiu da sala correndo, deixando com que a porta
batesse fortemente.
Andrea levou a mão ao pescoço e pode notar que, o que ela pensava ser
sangue, subia em seus dedos. Ao olhar para sua mão, entrou em choque e
logo depois caiu desmaiada.
Dezenas de pequenas aranhas, sujas de sangue e pus, se moviam
desesperadas entre seus dedos, e muitas mais escapavam pelo corte recém
aberto em seu pescoço.
Às vezes você sente uma coceirinha esquisita durante a noite? Cuidado...
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